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nuages dans mon café

Quotidiano, inspirações, fotografia, filmes e outras coisas.

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Crescer é isto?

Crescer é isto?

 

Há dias em que vejo que realmente estou a ficar velha, crescida, uma mulher. Em que os tempos de escola primária me deixam com aquela saudade miudinha de quando queria imenso que a minha mãe me desse contas e ditados para fazer, de quando embirrava que não queria escrever os números por extenso até 5000, de quando dava erros e queria mesmo muito aprender a escrever bem as palavras. Hoje em dia sofro com o acordo ortográfico que não aprendi na escola, que me recuso a aceitar a sua existência e que acho que vai contra os nossos valores. Mas são opiniões.

 

Queria ter 16 anos para poder beber, entrar em alguns bares e ser mais livre. Cheguei aos 16 e não me fez grande diferença como eu pensava que faria. Queria ter 18 anos para tirar a carta e ser de maior. Cheguei aos 18 e também não me fez grande diferença, apesar de ter carta e carro com essa idade, quem pagava o combustível eram os meus pais e tinha de ser poupadinha. Entrei na universidade, queria acabar o curso e ter emprego. Demorei a chegar ao fim, mas cheguei e hoje estou num estágio. Aos poucos conquistei as minhas metas e sentia-me lindamente com isso.

 

Hoje em dia dou por mim a pensar que nunca gostei de usar maquilhagem, apesar de ter imensas coisas dessas e já ter pensado em deitar tudo fora, e agora comecei a despertar um pequeno interesse por isso, sinto-me mais mulher, mais crescida, mais adequada para utilizar essas coisas, assim como certos tipos de sapatos e roupas. Achava que nunca iria gostar de vinho e agora é algo que não dispenso em convívios ou num jantar só com o namorado, até vinho tinto eu bebo! Também achava que o facto de as pessoas beberem sempre café era excessivo, agora faço igual e A-DO-RO café. Será que isto é amadurecer? Ver que as coisas dos mais velhos agora já me encaixam?

Dou por mim a pensar que há atitudes e coisas que as pessoas dizem e que não as sentem. Pessoas que pensam vou pedir perdão a fulano porque lhe fiz isto e no fundo sabem que o estão a fazer para ficar bonito, por aparências, e esperam que a outra pessoa seja tão ingénua ao ponto de perdoar sem sequer ver se está realmente arrependido, que realmente quer mudar essa situação desagradável. Como quem diz: só por descargo de consciência. Mas isso faz sentido? Se é para pedir perdão, que seja com vontade, porque assim quem é que vai confiar em alguém que diz sim senhor, estou arrependido e no fim não está? (Ninguém.)
Não sou de dar a mão logo à primeira, até porque se não conheço e nem confio nessas pessoas, é complicado confiar à primeira e quando começo a confiar e me dão logo motivos que provam que não são dignos disso, então corto logo o mal pela raiz e cada um à sua vidinha, não me venham chatear. Acho que com o tempo fui criando critérios de convívioNunca me vi inserida em grupos de gente "estranha" ou que só faz asneiras, nunca achei isso correcto, então sempre me mantive longe disso. E acho que é um pouco por aí, com o tempo criamos barreiras que só quem pertence ao nosso mundo é que as consegue ultrapassar sem problemas e isso vai-se adquirindo com o passar do tempo e com a nossa vivência, lá está.

Antes, quando era bem mais nova, dizia casar e ter filhos só depois dos 30. Desde que comecei a namorar com o G, a minha opinião mudou completamente: não quero ficar para tia (que já sou), nem ser mãe depois dos 30, nem morar com os meus pais por muitos mais anos (já morei sozinha e sinto falta dessa liberdade), nem trabalhar sempre por contra de outrem (poder trabalhar dessa forma, mas fazer as minhas coisinhas por fora). Isto para mim é crescer! Ter objectivos na vida, objectivos para uma vida, é crescer. É querer ser alguém independente, alguém que se consegue sustentar, que consegue gozar a vida à conta daquilo que trabalhou.

Gosto de trabalhar e de ver o resultado do meu suor a aparecer na conta no final de cada mês, poder gastá-lo no que quiser, porque esse dinheiro é meu! Fui eu que o consegui e isso é uma vitória! Por isso, ter alguém ao meu lado e que, ainda por cima, tem exactamente os mesmos pensamentos de vida que eu, torna tudo muito mais fácil.
Continuo a pensar que devemos trabalhar, estafar-nos, mas que acima de tudo temos de ter objectivos e batalhar para os conquistar. E é tão bom chegar ao fim e ver que tive medo, que pensei que não conseguia, mas já está e parece que foi tudo tão complicado, só que afinal até foi fácil.

Enquanto houver sonhos, há uma vida cheia pela frente e isso basta para sermos felizes. Menos é mais, certo? Então crescer também deve ser isso: podemos ter menos amigos/conhecidos, precisar de menos coisas, mas temos mais momentos felizes, mais tempo para conhecer coisas/lugares e aproveitar com os que realmente são importantes. Aprendemos a dar valor ao que é importante e essencial na nossa vida, aprendemos a sentir o cansaço e as dores do tempo que os nossos pais também sentem/sentiam e mesmo assim somos felizes, como eles são/eram. 

Para vocês crescer passa por isto ou tem muito que se lhe diga?

2 comentários

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    Vanessa 06.10.2015

    Por acaso foi algo que já me disseram, que hei-de chegar aos 80 e ainda ter muito que aprender. Acho que ser adulto é um pouco isso, ser alguém que está sempre a aprender a desenrascar-se
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