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nuages dans mon café

Quotidiano, inspirações, fotografia, filmes e outras coisas.

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Guerra de cursos ou o drama entre os universitários

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Com o regresso às aulas, principalmente com a entrada na universidade de muitos novos alunos, existem sempre estas guerras idiotas que não interessam a ninguém, mas que acabam sempre por deixar a pulga atrás da orelha, todas elas iniciadas por aqueles que têm a mania que o seu curso é melhor do que os outros todos ou por aqueles que têm mais papel do que inteligência.

 

Ontem assisti a mais uma dessas estúpidas discussões, através do facebook, em que estavam os meus caloiros (aqueles que praxei) a trocar impressões com uma rapaz (futuro caloiro do curso deles) e a informarem-no de que se precisar de ajuda para arranjar casa, nas inscrições, etc. que poderia recorrer a eles que o ajudariam. Nada de anormal, até chegar lá um chico esperto, com a mania que está num curso qualquer importante (sim, porque tudo o que não roça as Artes é importante) na tão prestigiada Universidade de Coimbra e começa a mandar bitaites sobre o curso.

 

Não é que isto especialmente me incomode, idiotas vemos todos os dias, mas qual é a lógica de ir para a publicação de um novo aluno de Artes Visuais dizer que ele vai chegar ao final dos 3 anos e vai ficar numa caixa de supermercado porque é para isso que serve o curso de Artes? Que ninguém terá um futuro brilhante nisto? E que quem entra neste curso é porque não conseguiu Arquitectura? Mas quem é que disse que a Arquitectura é a mãe de todos? Que só isso é que é importante neste país? Que eu saiba, até há bem pouco tempo era a dita Arquitectura (a master!) que estava na ruína e os cursos de Design, Multimédia, Informática estavam no auge... que por acaso ainda estão.

A minha resposta a esta pessoa foi que o sucesso profissional depende do empenho, dedicação e talento de cada um, em qualquer área e em qualquer tipo de emprego. Além disso, uma caixa de supermercado ou outro trabalho rasca que ele enumerou (sim, ele fez a lista de tudo quanto é "indesejável" para um trabalho) é um trabalho humilde e que eu saiba, qualquer aluno de Artes pode ter esse emprego e trabalhar na sua área depois do expediente, que é coisa que muitos daqueles que têm "um curso decente" não podem fazer. Mas bom, ele continuou a dar-lhe no assunto e ainda me disse que via muita gente de Artes a trabalhar para as empresas de televisão por cabo, no Mc Donalds, etc., sinceramente já lá vi mais de outras áreas do que de Artes, mas bem, não frequento os mesmos espaços que essa pessoa, até porque eu teria nojo disso.

 

Enfim, porque raio fiz eu um post sobre isto? É o seguinte: mete-me nojo haverem pessoas assim, retrógradas, que entendem as Artes como um passatempo, como um hobbie, mas esquecem-se que neste momento vivem na era da multimédia, seja vídeo, televisão, som, fotografia, não interessa, o presente é esse agora e ainda conseguem dizer que isto não é curso nenhum e mais uma infinidade de barbaridades. Digam-me lá qual é o curso "decente", neste momento, que dá logo emprego assim que o acabam, sem ser com cunhas? Não estou a ver... mas isto sou eu que sou uma queimada porque estudei Artes (mais uma das coisas que li ontem) e tenho uma falta de inteligência absurda. Lamento não ter nascido rica, não ter cunhas, mas ao menos sou humilde e defendo que cada um deve de ir para o que gosta e não para aquilo que tem mais saídas, até porque para ser infeliz, não vale a pena ter um curso universitário, chega-lhe o 12º ano, tem mais hipóteses que os universitários e corre o mesmo risco de ficar no desemprego ou num emprego que não gosta.

 

Para concluir este meu grande discurso: todos sabemos que agora as pessoas querem ser e mostrar-se mais que os outros, mas não é pelo curso que tiramos que seremos melhores pessoas ou melhores profissionais que os outros, até porque uma área não tem nada a ver com a outra. Só gostava de ver um pouco mais de humildade por aí, porque é possível ter uma guerra de cursos saudável, sem ser a ofender porcamente as outras pessoas, sem um pingo de educação e de conhecimento de causa (sim, eu nem enumerei metade das coisas que ele nos chamou). O caso de ontem só me mostrou mais um menino dos papás com a mania que é o rei, mostrou mais uma vez a desgraça que se anda a criar (desculpem, os profissionais que se andam a criar) e que mais uma vez as Artes continuam a ser uma porcaria aos olhos dos outros, como um não-curso aceitável (o curso dos queimados, burros e que não sabem fazer mais nada). Lamento imenso ter de ler isto, principalmente porque tive de verificar se estava em 1970 ou em 2015.

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