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nuages dans mon café

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Movie Review | A Rapariga Dinamarquesa

A Rapariga Dinamarquesa

 The Danish Girl, 2015

Baseado em factos reais, este filme retrata a história de Lili Elbe (Eddie Redmayne), a primeira transexual a se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo, que nasceu como Einar Mogens Wegener, e foca-se na sua relação amorosa com a pintora Gerda (Alicia Vikander) e na sua descoberta como mulher quando a esposa lhe pede para ele pousar para os retratos femininos, quando as modelos não apareciam. Pelo meio reaparece o amigo de infância - e primeiro amor da Lili/Einar - formando um triângulo amoroso, quando o Einar decide finalmente ser a Lili, fazendo com que Gerda tenha de aceitar que perdeu o seu amor, mas que lhe deu a liberdade que ele precisava.

 

É um filme super intenso. Tive de o assistir sozinha, até porque sou a única com uma mente aberta a este ponto (o meu namorado não quis ver e os meus pais muito menos). Desde o início do filme que vemos o Einar a mudar, a pensar de forma diferente, a lembrar-se de coisas diferentes e a fazer com que o seu lado feminino viesse ao de cima. Quando a Gerda lhe pediu para pousar, ele começou a gostar dessa ideia e o dia do disfarce como a prima do Einar foi a dita "gota de água" na cabeça dele. Encontrou-se com um homem, que o reconheceu, beijou-o e manteve contacto cm ele.

 

Na altura, década 20, isto ainda (hoje ainda) era brutalmente inaceitável. Gays, Trans, tudo isso eram coisas do demo, ninguém poderia aceitar que isso existisse. Assistimos ao Einar a ir a uma clínica com a Gerda, pedir ajuda, quando o internam, fazem tratamentos de radioterapia, deixam-no completamente sedado. Outras imagens, de outros médicos, a acusarem-no de esquizofrénico, etc., era uma altura complicada para estes casos e deixa-nos a pensar em quantas pessoas é que não viveram aprisionadas num corpo que não era o delas, só porque não podiam ser diferentes ou em quantos é que não foram dados como malucos e mais tarde mortos, só porque as pessoas não os compreendiam. É uma ideia estranha acharmos que tudo isto é anti-natura, etc., quando vemos pessoas a sofrer por não aceitarem/saberem ao certo o que são. Não consigo imaginar este tipo de sofrimento, terem na cabeça que são mulheres, quando são homens fisicamente ou vice-versa. É uma situação complicada.

 

Digo que o filme é intenso porque a certo ponto assistimos à mudança de sexo, ao sofrimento que na altura este procedimento trazia, tanto para o Einar/Lili como para a Gerda. Ela nunca o deixou, sempre o apoiou, mesmo sabendo que estaria a perder o seu marido, o seu companheiro, o amor da sua vida. Ela fez-lhe um favor, deixou-o seguir o que ele queria, ser o que ele queria, fazer com que fosse feliz. Infelizmente as coisas não correram como se haveria de esperar e a Lili morreu depois da cirurgia final, não aguentou.

 

O final é tremendo, deixa uma sensação de vazio enorme, mas é interessante que o tenham mostrado ao mundo desta forma. O Eddie faz um papelão, mas um senhor papelão e a Alicia também esteve muito bem. São personagens pesadas, em sentimentos, em acções... em tudo, a meu ver. Não poderia estar mais contente por ter assistido a este filme, a uma parte da história do mundo que poucos se interessam e muitos desprezam. Pessoalmente sou a favor de que cada um deve ser aquilo que quer, desde que seja feliz. Tudo bem, anti-natura, bla bla bla, mas as pessoas devem ser felizes e acho que isso está acima de qualquer coisa.

 

Classificação IMDB: 6,9/10

Classificação nuages dans mon café: 8/10

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