Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

nuages dans mon café

Quotidiano, inspirações, fotografia, filmes e outras coisas.

nuages dans mon café

Às vezes é preciso dizer que não

Fonte 

Quantas vezes já nos perguntamos por que é que a vida é assim? Por que é que nada corre bem? Por que? Por que? E quantas vezes é que já percebemos o que é que correu mal? Desde que terminei o estágio que comecei a ~pensar~ mais sobre isto, sobre o porquê de eu ter tudo certo na minha vida e me sentir completamente cansada, mentalmente desgastada e não tão feliz como seria de esperar, afinal tenho um namorado maravilhoso, os nossos pais estão curados, tinha trabalho e tudo estava encarrilado.

A verdade é que nunca pensei em mim, nos meus gostos, na minha maneira de ser, nas minhas capacidades, enquanto estava no estágio. Era a empregada estagiária, que fazia tudo o que me pediam, sem olhar a nada, pois ordens são ordens. E foi aí que comecei a perder o amor por mim, pelas minhas capacidades, pela minha saúde, pela minha vida. Quando decidi aceitar tudo, tudo, tudo o que me davam para fazer, comecei a não ter mãos a medir para as coisas, ouvi o que não queria ouvir, mesmo dando o meu máximo e mais além. Foi aí que cheguei ao limite, ao limite de mim mesma.

 

Ultimamente quando penso nisso, acho que a palavra não, que enchiam a boca para dizer que eu dizia - uma completa mentira, porque nunca rejeitei uma tarefa - não é tão má assim. As pessoas têm tendência em achar que o não é algo negativo, por exemplo: pedem-te um favor, dizes que não e acham que és egoísta; dão-te uma tarefa no trabalho, dizes que não e acham que és arrogante; etc.. O não é visto como algo mau, mas o não é realmente uma coisa positiva.

Já pararam para pensar quantas vezes é que podiam ter dito que não a algo, mas aceitaram e a vossa vida complicou-se? Tudo porque não quiseram ser maus, não quiseram ser mal educados ou mau feitio, que é normalmente aquilo que eu ouço dizer sobre mim. Eu sei que o tenho, mas também quando digo que não a algo, eu penso em mim, penso no que é que isso vai fazer à minha vida, ao que é que isso me vai levar.

 

Hoje tive um novo despique com a minha mãe sobre isto de eu ter mau feitio e não aproveitar as oportunidades e bla bla bla. Eu necessito de uns documentos que os meus ex-patrões do estágio não me deram, sem eles não consigo pedir nenhum rendimento mínimo ou wtv, então enviei um email à minha coordenadora a pedí-los e a resposta foi Nós também precisamos de um favor da Vanessa. Queremos um flyer para ..., para fazer esta semana e no início da próxima. Não lhes devo nada, por que é que eu hei-de complicar a minha vida para lhes fazer algum favor? E nem sequer me pensam pagar por isso. Já não sou a ~escrava~ deles, lixaram-me a cabeça durante 9 meses, mas ainda pensam que têm algum poder sobre mim? Isto não é a da Joana, pensei eu, e sabendo o que passei com eles, sei bem o que ia passar agora... pior, eles nem sequer têm o programa para poder fazer o flyer, teria de usar o meu computador para isso. Resultado, rejeitei o favor por favor, pedi os documentos novamente com urgência e disse que não tinha disponibilidade para tal.

O pior desta situação é que agora, que finalmente me vi livre do desgaste em que eu andava, a minha mãe continua a achar que eu não presto, digamos assim, que eu me recuso a trabalhar, que eu me recuso a aproveitar oportunidades, que eu me recuso a ajudar os outros, que eu sou realmente arrogante como a minha ex-patroa me tinha chamado, que eu sou realmente egoísta, só porque rejeitei fazer-lhe um favor.

 

Acho que somos livres de praticar o não, de nos defendermos do que podemos e quando podemos. Até quando somos empregados, temos de aprender a não mostrar tanto, a dizer não quando é preciso dizer não, porque depois vemo-nos em situações complicadas, com a vida do avesso, tudo porque nos deixámos cair no sim, sim, eu faço tudo. Tudo porque nos deixámos cair na rede das pessoas que gostam de se aproveitar dos outros, da sua boa vontade e das capacidades que os outros têm. Podemos ter uma vida excelente, se pensarmos bem quando é que o não pode entrar.

 

//

 

Existe toda uma complicação à volta do não, mas qual é a vossa opinião sobre isto?

26 comentários

Comentar post